Desde os primórdios até hoje em dia: ciência e arte pura para bem-estar, saúde e cura

Considerada como a terapia do terceiro milênio, atua de forma gentil e holística nos campos físico, psicológico e espiritual de cada ser por via tópica, inalatória ou olfatória. Imagine uma grande quantidade de partes de plantas aromáticas (folhas, raízes, flores, frutos, sementes, cascas, dentre outras), em uma verdadeira viagem alquímica até resultar em jóias naturais líquidas, cuidadosamente armazenadas em pequenos frascos âmbar para preservar o conteúdo da exposição à luz. Estas substâncias voláteis e altamente concentradas de ativos botânicos, geralmente extraídas por destilação de arraste a vapor, são rotuladas como óleos essenciais. E podem mudar (para melhor e naturalmente) sua vida. Por que nosso organismo responde tão bem a estes compostos que trazem além de química complexa e pura, a energia de seres vivos? Simples: é papo reto, de DNA para DNA.

Toda história tem um começo e a da aromaterapia não foge à regra. Mas ninguém pode negar que seu nascimento e a forma como a utilizamos atualmente é surpreendente. Para falar deste legado para a humanidade, nada mais natural que nos inspirarmos na sua evolução, desde os primórdios (quando os homens pré-históricos extraiam benefícios de plantas aromáticas pressionando-as contra as pedras), até hoje em dia, na sua definição contemporânea, literalmente, inspiradora. Resultado da soma dos termos gregos “aroma”, que significa odor agradável e “therapeia”, que remete ao ato de curar e tratar, a aromaterapia é então um “tratamento por meio de odores agradáveis”. 

A origem de tudo

Sabe-se que civilizações antigas já usavam as plantas aromáticas em tratamentos físicos e espirituais dado que Olíbano, Mirra, Cedro, Ginseng, Canela, Vetiver e Cálamo, são mencionados em obras milenares de referência (para acadêmicos e estudantes de diversas áreas do conhecimento, incluindo saúde). O Livro do Imperador Amarelo (China), Os Vedas (Índia), bem como o Antigo Testamento da Bíblia Hebraica e o Papiro de Ebers (Egito) são exemplos e prova escrita desta sabedoria ancestral.

Dez séculos antes de sentirmos na pele e pelo olfato os benefícios da aromaterapia moderna (criada no século XX), apesar dos gregos Hipócrates e Dioscórides já falarem das propriedades terapêuticas de águas destiladas aromáticas), é no séc. X (na Arábia), que Avicena (médico da Idade Média chamado de “Príncipe dos sábios” por buscar incessantemente a verdade e suas inúmeras contribuições) registra a vanguarda do processo de arrefecimento (que usa a serpentina para resfriar e condensar o vapor, assim como se faz para a extração dos óleos essenciais).

Na raiz moderna desta ciência temos a promoção da saúde e do bem-estar do corpo, da mente e das emoções, através do uso terapêutico dos óleos essenciais de plantas. E a aromaterapia bebeu em duas fontes:

  • Escola Francesa: focada no aspecto terapêutico dos óleos essenciais, tratava-os como medicamentos prescritos por médicos franceses com especialização em aromaterapia (aromatologia que faz a abordagem clínica e uso fitoterápico), que se desenvolveu após a Primeira Guerra Mundial.
  • Escola Britânica: mais voltada ao bem-estar, aplicou a forma inalatória e deu ênfase ao uso dos óleos essenciais de forma tópica, por meio de massagem e tratamentos estéticos, com maior expressão na década de 60.

A verdadeira história por trás do nascimento da aromaterapia moderna

O que é e como surgiu a Aromaterapia? 1

Literalmente, a aromaterapia moderna está ligada à abordagem científica. Não só pela forma de obtenção dos compostos químicos voláteis das plantas aromáticas (que requer ambientes controlados e estéreis para fabricação e uso posterior seguro), mas pela forma como nasceu, em um laboratório.

Foram os obstinados estudos conduzidos pelo químico francês René-Maurice Gattefossé que nos remetem à origem da aromaterapia moderna. Após sofrer graves queimaduras decorrentes de um acidente no laboratório, seu conhecimento (científico e de história de vida), o levou a utilizar a um dos óleos essenciais mais populares, versáteis e equilibrados da aromaterapia para tratar os ferimentos: Lavanda. O resultado da regeneração celular foi tão positivo que surpreendeu o cientista.

Em 1910, R.M. Gattefossé torna-se pai de um menino e da Aromaterapia. Ao garoto deu o nome de Henri-Marcel. E para a aromaterapia desenvolveu o seguinte conceito: “terapia que envolve a utilização de óleos essenciais para tratamento complementar de doenças e alterações da saúde humana”.

No mesmo dia em que o rebento veio ao mundo, seu pai estava, como ele mesmo descreveu no livro Aromathérapie Les Huiles Essentielles, Hormones Végétales (1937), trabalhando quando sofreu o acidente: “na minha experiência pessoal, depois de uma explosão no laboratório ter me coberto com substâncias inflamáveis que eu extingui rolando na grama, ambas minhas mãos estavam cobertas por uma gangrena gasosa em rápido desenvolvimento. Apenas um enxágue com óleo essencial de Lavanda interrompeu a gaseificação do tecido. Este tratamento foi seguido por uma transpiração profunda e a cura começou no dia seguinte”.

Este relato é importante pois desmente a versão equivocada de que a aromaterapia nasceu ao acaso, que ficou mais popular do que o fato verídico. O próprio Gattefossé, que estava em contato com o universo dos aromas desde o berço, conta que não mergulhou de forma acidental (como muitos pensam e dizem) a área atingida em um recipiente que continha óleo essencial de Lavanda angustifolia (a Lavanda francesa, até hoje a mais popular na aromaterapia). Foi intencional. Entretanto, é verdade que os rápidos resultados positivos após a aplicação do ativo (que ele já pesquisava) o surpreenderam e fizeram nascer a abordagem terapêutica dos óleos essenciais; que mistura as tradições alquímicas milenares aos ideais que o engenheiro químico defendia: ciência, progresso e modernidade.

Quem já tratou uma queimadura acidental com Óleo Essencial de Lavanda, há de se lembrar com espanto da rapidez fenomenal do alívio e cicatrização.  E se soubesse a quem agradecer, diria “merci”.

Aromaterapia: conceito e legislação brasileira

A palavra “Aromaterapia” apareceu pela primeira vez escrita na revista La Parfumerie Moderne, em 1935. No ano seguinte deu nome a uma coluna de artigos assinados por Gattefossé, que foi editor da publicação por anos. De lá para cá, o conceito do criador, que era também perfumista, ganhou muitas contribuições e se desenvolveu a ponto de extrapolar a fronteira científica para se juntar a outros saberes. Hoje, há quem trate a aromaterapia, que vem conquistando adeptos no mundo todo devido a sua evolução, também como “a arte dos aromas”. Se arte, no dicionário, é a habilidade ou disposição dirigida para a execução de uma finalidade prática ou teórica, realizada de forma consciente, controlada e racional, a aromaterapia faz dos aromaterapeutas e usuários estudiosos “mestres dos aromas”, que assinam, junto com um seleto grupo do reino vegetal, a co-criação de sinergias para  bem-estar e saúde.

A Lei brasileira define a Aromaterapia como “prática terapêutica secular que consiste no uso intencional de concentrados voláteis extraídos de vegetais – os óleos essenciais (OE) – a fim de promover ou melhorar a saúde, o bem-estar e a higiene”. Desde 2018 reconhece a Aromaterapia como PICS (Práticas Integrativas e Complementares em Saúde- SUS), mediante homologação junto ao Ministério da Saúde através da Portaria nº 702 de 2018, incluindo-a na PNPIC (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares) e, portanto, no SUS (Sistema Único de Saúde), atendendo ao público de forma individual e coletiva. Isso significa que a aromaterapia tem potencial hoje para ser mais acessível à grande parte da população do Brasil.

A terapia do olfato

O que é e como surgiu a Aromaterapia? 2

Um aroma é capaz de acessar memórias muito antigas, com riqueza de detalhes e alta carga emocional. A ciência já sabe responder: por quê? O olfato é o primeiro sentido a amadurecer. Nossa memória olfativa é longeva e nossas primeiras experiências com odores geralmente prevalecem sobre as mais recentes. Por isso é tão comum cheiros nos lembrarem de momentos da infância.

Estar em contato com os óleos essenciais aumenta o poder pessoal. É que os estímulos olfativos nos conectam com um lugar animalesco que habita em nós, onde vive (ou dorme) nossa intuição. A partir deste ponto é possível colher resultados positivos de uma jornada biosensorial. A aromaterapia pode nos fazer viajar no tempo. É uma ponte que liga as experiências e memórias olfativas às emoções que têm impactos sobre o corpo físico.

Dos cinco sentidos, o olfato é o único que atinge diretamente o sistema límbico. Os outros chegam lá, mas passam por uma espécie de filtro, que é o tálamo. Quando inalamos um aroma, mensagens olfativas transitam como uma brisa por um caminho dedicado, do nariz ao córtex olfativo do cérebro, para processamento imediato. E o córtex olfativo fica dentro do sistema límbico e amígdala cerebral (onde nascem as emoções e memórias emocionais são armazenadas). Este circuito neural regula o comportamento, os processos de aprendizagem, as emoções, a memória e até as funções endócrinas, desencadeia sentimentos y otras cositas más.

Recomendações e cuidados

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É importante esclarecer que é preciso analisar quais OEs melhor atendem cada necessidade e pessoa em determinado momento da vida. Isso deve ser feito por uma profissional, entretanto a recomendação geral é que gestantes, puérperas, lactantes, crianças, idosos e portadores de doenças crônicas só usem óleos essenciais bem equilibrados e de baixa toxicidade em diluições específicas sob orientação.

Como os óleos são muito concentrados, podem causar malefícios se utilizados incorretamente, por isso reforçamos que é muito importante consultar um aromaterapeuta. Por exemplo: Há óleos essenciais indicados para alívio de cólicas e regularização de ciclos menstruais, que são contraindicados durante a gestação ou na fase de amamentação. No entanto, podem ser considerados por um especialista como opção de uso nas primeiras horas do parto para aprofundar as contrações uterinas.

Também existem algumas opções de OEs para bebês sentirem sensações positivas para seu desenvolvimento por meio da aromaterapia sob supervisão médica ou de aromaterapeuta, mas o uso deve se dar somente após três meses, nunca antes. A cada faixa etária, até completar 12 anos, a lista de restrições de acordo com a condição da criança e diluição recomendada são revistas.

Outra coisa que precisamos observar no universo da aromaterapia é a origem dos óleos. Afinal, de que adianta uma alternativa 100% natural para cuidar do organismo como um todo se apoiamos fabricantes que não são éticos e sustentáveis ao longo da cadeia produtiva?

Assim, é essencial que a prática da aromaterapia comece pelo consumo consciente. Desde a compra em lojas que comercializam produtos que honram as matérias-primas (que são ativos botânicos) à procedência dos insumos dos óleos.

Se você tem pets em casa, especialmente gatos, prefira os aromatizadores  pessoais aos difusores de ambiente quando usar aromas cítricos.

Observando os devidos cuidados antes do uso, você conseguirá aproveitar o máximo dos benefícios sem se expor a riscos. Depois é fazer do seu nariz uma pequena e mágica máquina do tempo.

Aromaterapia & Ciência: fique por dentro

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Já existem estudos que atestam diversos benefícios relacionados à aromaterapia, você pode conferir alguns abaixo:

A pesquisadora e professora associada da Universidade de Estocolmo, Maria Larsson, comparou o olfato a uma máquina do tempo quase mágica, capaz de tratar terríveis névoas da idade, como demência e depressão. Ela defende que a juventude da memória dos cheiros só abdica da primazia cognitiva à visão e às palavras depois de seu amadurecimento e o link cortical entre o olfato e emoções se encarrega de manter a beleza das jovens sensações por toda a vida.

Já um estudo iraniano demonstrou que a inalação do óleo essencial de Limão siciliano (Citrus limon) energiza e acalma, traz bem-estar e mais otimismo ao início da gravidez, ao controlar e espaçar os sintomas que afetam a qualidade de vida da futura mamãe.

Pesquisas promissoras apontam que o Linalol, presente em grande quantidade no óleo essencial de Lavanda (Lavandula angustifolia), – um coringa da aromaterapia, reverte características histopatológicas de Alzheimer e restaura funções cognitivas-emocionais devido à ação anti-inflamatória, sendo um sério candidato à prevenção da doença, que acomete majoritariamente idosos e ainda não tem cura.

Também há experimentos como o do professor de neurologia na da Escola de Medicina Feinberg da Universidade de Northwestern, Jay Gottfried, no qual voluntários expostos a um único perfume floral por 3,5 minutos foram capazes de aprimorar suas capacidades a ponto de discriminar famílias completas de odores de flores.

Autocuidado em alta pós-Covid-19

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Não à toa, a busca pela aromaterapia cresceu durante a pandemia do novo coronavírus. É uma alternativa para ansiedade, estresse, insônia, falta de ânimo, estados de raiva, síndrome do pânico, fadiga física e mental, medos sem razão aparente, doenças respiratórias, má digestão, dores musculares, cólicas menstruais, desequilíbrios hormonais, sintomas da menopausa, problemas na pele, má circulação, queda de cabelos e até para auxiliar a lidar com o luto ou encerramento de ciclos. É fato que um aroma pode acessar memórias e ressignificar emoções ligadas a traumas.

Além disso, os óleos essenciais têm um papel importante na fisioterapia olfativa em pessoas com anosmia (perda do olfato). Um estudo no Journal of Internal Medicine constatou que 86% dos pacientes, que tiveram casos leves ou graves de Covid-19, apresentaram alteração na capacidade olfativa e 15% ainda não tinha recuperado o olfato completamente após 60 dias da infecção, devido aos danos causados ao epitélio nasal. É esta camada celular que registra os odores, envolvendo células de sustentação e células-tronco. É possível regenerar o epitélio olfativo, mas em alguns casos a recuperação, que seria bem lenta, pode ser acelerada por meio do treino com óleos essenciais.

A organização inglesa abScent, fundada por Chrissi Kelly (que perdeu o olfato em 2012), se dedica a ajudar pessoas (que por motivos de doenças ou acidentes, dentre outros fatores, perderam a capacidade de sentir cheiros) e desenvolveu um protocolo especial com as melhores práticas voltadas à fisioterapia olfativa. Já há disponível a orientação em português sobre como montar os kits e usar o quarteto de óleos essenciais sugeridos como ponto de partida: limão, cravo-da-índia, eucalipto e rosa (este último tem elevado custo e pode ser substituído pelo óleo essencial de Gerânio Rosa (Pelargonium roseum, um híbrido que traz o aroma doce e penetrante mais intenso de rosa e possui até propriedades semelhantes, embora tenha preço mais acessível) ou o de Gerânio (Pelargonium graveolens, facilmente encontrado e bastante utilizado na aromaterapia pela vocação natural de regular hormônios femininos; o aroma lembra o perfume das rosas, que tem propriedades terapêuticas em comum, mas com composição química diferente).

É possível fazer substituições na seleção de óleos essenciais e até usar as plantas in natura; mas é importante seguir as recomendações de como fazer a prática e anotações.

Breve introdução às formas de uso

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Em artigos futuros abordarei com mais detalhes as formas de uso, pois, como vimos, a aromaterapia é mesmo um bálsamo para variadas situações. Os OEs diluídos podem ser aplicados sobre a pele, que é o maior órgão do corpo e separa o que existe dentro de nós do mundo exterior, em massagens, automassagens, compressas, escalda-pés ou banhos aromáticos. Também podem ser inalados direto do frasco, em aromatizadores pessoais ou em lenços com 1 ou 2 gotas de OEs. Em ambiente, use 4 a 5 gotas no difusor elétrico ou sprays aromáticos Apesar de a aromaterapia considerar aspectos individuais, ela pode ser combinada com vários tipos de tratamentos, tanto convencionais, quanto alternativos.

O óleo essencial de Lavanda (Lavandula angustifolia), por exemplo, traz tranquilidade para o ambiente dos pequenos. 01 (uma) gota diluída em 30 ml de óleo vegetal de semente de uva é o suficiente para uma massagem nas solas dos pezinhos e um sono reparador (não acrescente mais gotas sem orientação profissional).

Considerações finais

A aromaterapia é uma oportunidade de viver bem e ajudar outras pessoas, conhecer o fascinante mundo das plantas aromáticas; é um convite ao autoconhecimento. Agora você já conhece um pouco da história da aromaterapia, como ela funciona, e por que está sendo cada vez mais procurada.

Se ainda quiser saber mais sobre os principais benefícios de cada óleo, formas de uso, métodos de extração e muito mais, confira outros artigos no Blog Mercanatu!

Espero que tenha gostado!


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Lembre-se: existem diluições específicas e forma correta e segura para utilizar OEs individualmente ou em sinergias (que são associações harmônicas entre dois ou mais óleos essenciais para criar um aroma único e potencializar o efeito terapêutico desejado; sempre levando em conta as complementaridades e evitando misturar OEs com ações antagônicas).

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